ENCANTOS E DESENCANTOS
O povo que
estava desencantado com o ex-prefeito Everaldo, encantou-se pelo doutor Mauro,
um sapo de alta linhagem que logo, logo viraria príncipe, pronto para iniciar
uma nova dinastia na Laguna.
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Todos
conhecem a história, uma bruxa má transformou o príncipe em sapo. A bruxaria só
teria fim quando o sapo fosse beijado por uma linda e boa jovem.
Não seria
qualquer piranha travestida de perereca que
poria fim ao sortilégio, aliás, beijos de algumas pererecas, só dão
“sapinhos”.
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A verdade é
que o tempo vai passando, Laguna vai indo pro brejo e o Mauro ainda não
desencantou.
Quem sabe, na próxima lua cheia de
agosto, numa sexta-feira, após a visita do Vampiro o Mauro desencante.
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Os
trombeteiros eleitorais já corneteiam pelas ruas da velha cidade. O projeto do acesso norte, via Barbacena, entra novamente na Ordem do Dia.
O assunto
voltará a ser badalado até a eleição do próximo ano. Com certeza, já na festa de São
Judas Tadeu, em outubro, o tema será tratado até nas homilias dos
oradores convidados.
E
o povo, passivo, mesmo com a classe política desmoralizada pelos
escândalos de corrupção, acaba caindo no canto da sereia.
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Enquanto
isto, para o nosso Terminal Pesqueiro, políticos acenam com ajuda de um milhão
e meio de reais, de Emendas Parlamentares.
Verba
destinada finalmente, a colocar em funcionamento a Fábrica de Gelo.
__ Qual
seria a contrapartida da Codesp, empresa que administra o terminal?
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CARNAVAL - 2018.
A Liga das
Escolas de Samba da Laguna aprova o projeto Carnaval 2.018. Entidade está
autorizada a captar pela Lei Rouanet, a importância de R$ 1.723.226,00.
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Começa, agora
a parte mais difícil, a busca por empresas que queiram investir no carnaval das
Escolas de Samba, parcela dos impostos
que devem ao governo.
A participação do governo municipal é
indispensável. Sem desfilar no Sambódromo há uns quatro carnavais, os carnavalescos das Escolas ainda
enfrentam a concorrência da Liga dos Blocos (carnaval de praia) que coloca nas
ruas, nos dias de folia, mais de 50 mil pessoas. Um filão a ser disputado pelos
possíveis patrocinadores do evento.
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Não está
morto quem peleia. Quem sabe nosso carnaval tenha que retornar às origens.
Recomeçar tudo, reconquistando a alma do povão, desfilando pelas ruas estreitas
do Centro Histórico.
Esquecer o
sambódromo?
Por que não? Ceder os
anéis para não perder os dedos.
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RECORDANDO...
Confete,
pedacinho colorido de saudade...
Naquele ano
o desfile das Escolas de Samba acontecia no Centro Histórico, diante da
arquibancada armada na Rua Gustavo Richard ( Rua da Praia).
Enquanto as
Escolas preparavam-se para entrar na passarela, Pepinha dava seu show
particular, encostado na corda,dançando
e cantando diante do povão.
Desfile do
Xavante. Subitamente Pepinha ficou branco, olhos esbugalhados, coração batendo
descompassadamente.
Parecia
incrédulo. Jamais vira aquilo no carnaval da Laguna assim, ao vivo...
A passista,
destaque da Escola, gingando, de peito aberto, seios de fora, aproxima-se do
nosso Pepinha que se ajoelhara, súplice, diante daquelas eróticas bolotas
roliças, balançando diante de seus olhos.
Ele fica de
pé e tenta dar uma de Mestre-Sala, rodopiando em torno daquela tentação.
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Mesmo
contido pelo pessoal da Segurança,
Pepinha continuou ao lado da moça puxando um novo samba-enredo:
“ Mamãe eu
quero, mamãe eu quero, mamãe eu QUERO MAMAR...”.
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CATADOR
DE LEMBRANÇAS
Arqueólogos
e antropólogos estiveram na Laguna analisando o acervo arqueológico do Museu
Anita Garibaldi.
Na Jaguaruna, Justiça Federal determina novas medidas de proteção aos
sambaquis.
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Aqui na
terrinha resolvi dar uma de garimpeiro sentimental. Um catador de lembranças.
Coloquei meu
capacete de explorador, roupa de Indiana Jones e parti.
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O sol já me
encontrou na área de trabalho, o campinho da Praça Polidoro Santiago.
Domingo na praça. Futebol reunindo as
famílias ao redor do campo.
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O campo,
situado entre a Matriz de N.S. dos
Navegantes e a Escola Básica Ana Gondin atualmente é um espaço vazio, cheio de
árvores. O povo sumiu.
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Afastei a
saudade e segui em frente, colhendo resquícios dos personagens que por ali passaram.
Defronte a antiga Capela, numa fenda da
calçada, duas relíquias: Uma folha amarelada, do Breviário do Padre Marangoni e um pedaço da fita da Irmandade de São
Sebastião que teria pertencida ao seu
Arão.
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Mais ao
lado, um santinho com dedicatória à dona Izaltina Souza, benemérita da Igreja.
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No campinho,
do meio das touceiras, brotam lembranças:
O apito do árbitro Sadyzinho e os restos mortais de uma tornozeleira
usado por Walfrido Souza.
No meio de
campo senti o bafo de resistência e longevidade do João de Cara e do Elizeu.
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No local de
uma das traves, numa caixa de concreto teriam sido enterradas as camisetas do
Vasquinho do Brás, Caxias, do Valdo, da Portuguesa do Arduino Vida, do TEP do Luisinho e do Tupi do Afonso Barreto.
Do CACO (
Clube Atlético, Cultural e Olímpico) encontrei a última mecha
de cabelos do craque e comerciante
Sérgio Castro.
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Ao lado do
GE Ana Gondin uma tampa de caneta-tinteiro, usada pelo diretor Ruben Lima de
Ulysséa.
Seguindo as pegadas de bondade deixadas pelo
Zé Mala cheguei ao Asilo de Mendicidade Santa Izabel e encontrei num nicho da
parede, o Rosário de Dona Joana Mussi.
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Hora da
sede. O poço da residência de dona Adalgisa era a salvação. O poço e o carrinho
de picolé do Zé Pires.
Com o coração apertado pela emoção,
benzi-me diante do oratório ali existente e tirei o time de campo.
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O PALACETE DA PRAÇA POLIDORO SANTIAGO
Prédio tombado
pela municipalidade, durante o governo de Mario José Remor, totalmente
restaurado, já teve fama de mal-assombrado.
__ Durante a noite, almas penadas passeiam pelo porão
carregando caixões de defunto.
Esses boatos afastavam os curiosos. Tudo que o
Carlinhos Cabral queria.
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Cabral e suas irmãs Olga e Armandina eram beneméritos
do Asilo, que fica ao lado do palacete.
Naqueles tempos o índice de mortalidade entre os
velhinhos era muito alto.
Para suprir as necessidades de transporte rumo a última
morada, Carlinhos montou uma fábrica de urnas funerárias, no casarão.
Tudo no maior segredo. Os vizinhos, por motivos óbvios,
não podiam saber de nada.
O trabalho era noturno e a movimentação dos esquifes deram origem a má
fama do casarão.
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