LAGUNA CHEIA DE GARÇA
Os primeiros
barbeiros surgiram na Grécia Antiga, eram pessoas com grandes habilidades
manuais, especialistas, também, em extração dentária, sangrias, etc.
Tempos em
que bigode e barba eram símbolos de
honraria e sabedoria.
Somente no
século XIX os barbeiros passaram a cuidar, somente, da aparência dos fregueses.
Barbearia
sempre foi um local para um bom papo: conversar, filosofar, debater e fuxicar.
O verbo
“tesourar” virou sinônimo de futricar, fofocar, etc.
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Todo homem
teve um barbeiro na sua vida, e cujo nome
não lhe sai da cabeça.
No bairro do Magalhães, Romeu exerceu a profissão por mais de 60
anos. Sidney Pegorara se autodenominava
“cirurgião estético capilar”.
No Centro Histórico, o Salão do Zeca Varela
reunia a nata da sociedade local.
Nico Cabelão,
barbearia com som ao vivo. As madeixas caiam ao som do trinado do seu famoso
sabiá.
Zé Barbeiro
foi inigualável, tesoura e língua afiadas. Sempre tinha novidades, qualquer que
fosse o assunto.
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Atanásio
Silveira, o Fígaro, que varou no tempo. Único barbeiro a atuar no miolo do
Centro Histórico.
Dizem, que
ainda utiliza gumex, glostora e brilhantina no penteado da freguesia.
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JAIR CABELEIREIRO
Proprietário
de um moderno salão na Praia do Mar-Grosso.
A história, que conto hoje, se passa no
tempo em que seu salão, ainda, era no Centro Histórico, à rua Raulino Horn.
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Naquele dia,
Jair, o mago da tesoura, trabalhava no sacrifício.
No salão, a
freguesia de sempre, Ronaldo Calazans, Carlinhos Rollin, Edésio, Babá, Batista
Abrahão, Léo.
Jair,
gripado, trabalhava de máscara para evitar contágio do freguês com seus
perdigotos voadores.
__ Isto não
é mais gripe, já virou pneumonia. Sentenciou o Calazans.
__Tem
sintomas de tuberculose, falou o Rollin
___O amor
está debilitando teu sistema imunológico, advertiu o amigo Leo.
Jair estava de namorada nova.
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Ignorando as
comadres fofoqueiras, Jair, com maestria, utilizava seu instrumento de trabalho
na bela e espessa cobertura capilar do Jackson Siqueira.
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Entre um
espirro e outro, ouviu falar de um medicamento miraculoso, que era tiro e queda
contra qualquer tipo de gripe, do tipo “levanta defunto”.
O remédio era vendido pelo conhecido “homem da
cobra”, um cabra da peste, que mascateava a uma quadra dali. Muito bem
recomendado pelo Edésio
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Deixando o
freguês, ainda ensaboado, saiu em busca da panacéia.
Uma injeção
cavalar nas nádegas arrochou a bochecha. Retornou ao salão, suando frio, mais
vermelho que camarão cozido.
Levou a mão
à cabeça e desmaiou.
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___ Choque anafilático,
gritou alguém. Abana daqui, abana de lá, e nada do homem voltar a si.
Bito,
proprietário da Ótica Werner, utilizando seus conhecimentos de ioga, fez a
imposição das mãos. Inutilmente!
Chega a
ambulância do Samu. Direto para o hospital. Sirene ligada.
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Notícias
ruins, voam...
A namorada
do Jair chegou ao salão, angustiada. Dirigiu-se ao hospital, mas chegou
tarde...
__ Não está
mais aqui, informou a enfermeira de plantão. A Dorsa o levou.
___
Dorsa? Seria a Dorsa da lanchonete
do Mercado, ou a Dorsa da funerária?
___ O que
teria acontecido?
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Ao chegar ao
nosocômio Jair foi colocado numa cadeira de rodas e devidamente medicado.
Permaneceu
algum tempo ali, no corredor, ainda meio sonolento. As moças, que passavam,
faziam graça:
___ Se for
falta de ar eu vou fazer respiração boca-a-boca.
Sentia-se
com um galã. Sorria só de imaginar a cena.
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Nosso
paciente, ao sentir o bafo morno de alguém se aproximando, preparou-se para o
doce contato daqueles lábios quentes.
Arriscou um
olho para ver o rosto daquele anjo, no exato momento em que o Pepinha abria a
bocarra banguela para beijar o amigo e benfeitor.
Jair ficou
bom, imediatamente. Desceu o morro, quase correndo, esqueceu até o pianço que
estava sentindo.
Resumo
hospitalar:
___ Não
sabemos se o Jair correu, antes, ou
depois do primeiro beijo do Pepinha
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BOTANDO A
VIOLA NO SACO.
Em Laguna
duas Bandas Centenárias teimam em sobreviver, “União dos Artistas” e “Carlos Gomes”.
Este ano,
durante a festa do Padroeiro Santo Antônio dos Anjos, alguns políticos,
importantes, no afã de fazer média com o santo ofereceram às duas corporações
musicais, uma verba de 100 mil reais, para cada uma.
Dinheiro
para reforma da sede, compra de
instrumentos e etc.
Oferta
ganhou manchetes em jornais. Viralizou nas redes sociais.
Santo quando
vê esmola demais, desconfia...
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Esta semana,
ao cruzar o jardim Calheiros da Graça, encontrei o maestro Deroci.
___ Já
receberam alguma coisa, perguntei.
___ Sim,
recebemos, um ofício informando que no momento o estado está sem verba.
Em resumo,
mandaram que botássemos a viola no saco e fôssemos cantar em outra freguesia.
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