NOS TEMPOS DO DRAGÃO VERDE.
UM VELÓRIO ERÓTICO.
(baseado em fatos reais)
1ª Parte
O caminhoneiro
Pelas
estradas da vida, grudado ao volante, o motorista levava seu caminhão em sua
faina diária e estressante.
Após engolir centenas de quilômetros de
estradas, ele resolve descansar num
hotel de beira de estrada, de nome
sugestivo:
DRAGÃO VERDE
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A moça, que
o levou para o quarto, com a experiência de muitos quilômetros rodados,
permitiu que o motorista circulasse por todas as vias, públicas e privadas, e
trafegasse pelas curvas, em todas as
direções.
Sinal verde.
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Nos braços
do amor ele acelerou como se fosse um piloto de Fórmula Um, em busca de seu
grande prêmio.
Gemeu nos
freios, ultrapassou seus próprios limites, ignorando todas as regras de segurança.
O motor não
suportou, ele derrapou na subida, e
capotou, de forma definitiva, sobre a pista, ou melhor, em cima da moça.
Minutos depois já chegava morto ao
hospital de Laguna.
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Na
enfermaria, já despido, deitado de costas sobre a eça, o defunto logo tornou-se
o assunto do dia naquele nosocômio.
A mulherada
ficou excitada. O motorista surpreendido pela morte, em plena transa, nem teve
tempo de recolher seu instrumento de trabalho.
Seu “pinto”
continuava duro e firme, rígido e forte, apontando para o teto.
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A freira de
plantão, balbuciando jaculatórias, numa tentativa de exorcizar o pecado, mandou
que o cobrisse com um lençol, até que se
encontrasse alguma outra solução.
Foi pior a
emenda que o soneto, com o lençol jogado
sobre a estaca, o falecido, literalmente, armou sua barraca.
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Infrutíferas
foram todas as tentativas para fazer o falecido “ baixar o pito”.
Até o
motorista do táxi, que fazia ponto no hospital, foi convocado a dar uma
mãozinha.
Quem sabe
ele pudesse movimentar o câmbio do extinto, e deixar o dito cujo em “ponto
morto”.
Inutilmente,
o poste continuava mais firme que pau de
sebo em terreiro de festa junina.
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Mais
agitação naquela casa de saúde.
A esposa,
residente em outro estado, acabava de chegar, e inteirava-se das circunstâncias
em que seu esposo havia morrido.
Diante do fenômeno e, alegando preceitos
religiosos sobre a mutilação de cadáveres, a esposa manifestou-se contra a
idéia de se cortar o membro que teimava em ficar de pé.
___ E, o
caixão?
Como não
havia tempo hábil para fabricação de um, sob medida, com janelinha na região do
baixo ventre, a urna teria que ficar sem a tampa, aberta, como um barquinho de
um mastro só...
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2ª parte.
A fama.
O morto
ganhava notoriedade. Na cidade não se
falava noutra coisa.
Em romaria
muita gente subiu o morro do hospital para apreciar o monumento. Surgiu até uma
beata, tentando liderar um movimento em prol da beatificação do Falo Sobrenatural.
Fotos, com
receitas no verso, eram vendidas no local.
O membro,
irreverente e teimoso logo se transformou em símbolo da fertilidade imortal.
Virou esperança para as mulheres que não conseguiam
ter filhos.
___ Um toque
no “durinho” é gravidez na certa, garantiam os adeptos das “simpatias”.
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Na Praça dos
Aposentados, onde habita muita gente viva, com “aquilo” morto, o tal morto com
“aquilo” vivo foi transformado em herói.
O espírito do macho que permanecia,
vivo, muito além das fronteiras da morte.
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No velório,
os problemas continuavam.
A viúva,
católica, desejava que a encomendação do
corpo fosse feita por um padre.
___ Missa de
corpo presente, nem pensar, imaginem o sacerdote aspergindo água benta sobre aquela “ torre de
pizza”?
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Pensou-se,
então, em convocar os decoradores da cidade, para com um toque de criatividade,
disfarçar o “ peru” imortal.
Projetos
foram apresentados.
Um deles
sugeria que o tal Cambuim, em homenagem ao nosso folclore, fosse ornamentado
como um Pau de Fita.
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A idéia
vencedora transformava o esquife, no Titanic. Na proa, um casal de pombinhos.
___ E, o mastro?
__ Decorado
com espadas de São Jorge, derrotando o dragão.
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EPÍLOGO
Finalmente,
o féretro iniciou sua última caminhada. Nunca se viu tanta “ coroa” em um
enterro.
Nunca um
“pinto” foi tão desejado como “coberta
d`alma”.
Diante do túmulo, um respeitoso silêncio,
mas, quando o “ Titanic,” finalmente, encontrou sua última morada a multidão
não conteve seus suspiros de pesar.
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Dias mais
tarde...
Conforme relatório do Bizorro,
administrador do cemitério, a sepultura do motorista teria sido violada.
Extra-oficialmente, comentou-se à boca
pequena, que o famoso defunto havia sido capado, durante à noite.
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E, quem
sabe, ainda hoje, em algum lugar, conservado em formol, num garrafão, utilizado
em rituais de magia e erotismo, o “mandiocão” da vítima do Dragão Verde, ainda
possa estar sendo útil aos carentes das encruzilhadas.
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Este é o Munir que conheci, parabéns amigo, suas crônicas são maravilhosas e seus textos sem a malícia do erotismo.
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