MATINÉ DE DOMINGO
Cine
Central. Sessão de domingo. Desde cedo, a turma já fazia fila, diante de
bilheteria. A expectativa era enorme.
Último episódio do seriado “ Legião do Zorro”
Enfim, todos conheceriam a identidade de Don
Del Oro, o vilão da história.
========
Naquele
mesmo dia, na Matriz de Santo Antônio dos Anjos, era dia da Primeira Comunhão.
Entre as crianças que iriam receber Jesus no coração estavam Eliane Bianchini e
Rute Maria Carneiro.
Ambas, desde
cedo, já desfilavam pela Praça, vestidas de anjo, ostentando asas enormes.
========
O Cine
Central estava arrendado ao senhor Epifânio
Nunes, avô da Eliane..
Epifânio era
um homem que tinha cinema nas veias. Respirava sétima arte.
Na sala de
espera, ansiosos, dois anjos aguardavam. Estavam a fim de trocar Jesus pelo
Zorro, mas, só naquela tarde. Foram flagradas por dona Belga,
tia da Eliane, que não economizou reprimendas.
Passou um sermão nos Anjos e as mandou para a Igreja,
-___ Compromisso
é compromisso, teria dito.
====
O sinal
sonoro anuncia o início da sessão. Casa cheia, platéia, segunda platéia e
torrinha.
Na
programação daquele domingo, um faroeste e dois episódios do seriado.
Mal o
Durango Kid começara a cavalgar já tinha gente reclamando.
___ Dona
Belga, dois Anjos estão nos impedindo de ver o filme direito. Suas asas
avantajadas nos tiram toda a visão.
___ São
elas!
Dona Belga entrou na sala e expulsou os Anjos do paraíso. Do
cinema para o confessionário.
ZOOLOGIA
CINEMATOGRÁFICA
A
invenção do cinema data do século XIX, entretanto, na Laguna, cinema é
do tempo do NOÉ.
Na Arca
de celulóide, Cordeiro era gerente. Luiz
PERU o porteiro, Waldemar da MACACA o publicitário. Pintava os cartazes com a
programação semanal. Carneiro era o baleiro e Bagrinho, o Juiz de Paz que atuava junto ao porteiro, Máquina 7. NOÉ era quem operava o projetor.
===========
“ MÁQUINA 7”
Gilson era o
porteiro do Cine Mussi. Cumpria sua espinhosa missão, com competência e
seriedade. Se o filme era censurado para menores de 14 anos, a lei era cumprida
à risca. Quando tentavam forçar a barra, o Bagrinho ( Juiz de menores) estava
ali para ajudá-lo.
===
Gilson, o
“Máquina 7” trabalhou no Cine Mussi durante décadas.
Por que o
apelido de Máquina 7?
Os trilhos
da via férrea passavam por
todo o centro cidade até ao Porto Carvoeiro.
A Máquina 7
transportava os funcionários da Administração portuária.
Gilson
estudava no Colégio Stella Maris e fazia o percurso de casa até à escola,
sempre pelos trilhos e apitando: PIUÍ, PIUÍ.
Ganhou a
alcunha de Máquina 7.
Na cidade
ele era mais conhecido que o astro Errol Flynn.
====
O
LANTERNINHA.
O Cine Mussi
apresentava a reprise da fita “ O Vampiro de Dusseldorf”.
Ao som da “
Valsa do Imperador” abre-se a cortina, e começa o espetáculo.
Casa cheia.
O
“lanterninha”, tal qual um vagalume nervoso, percorria os corredores, em
constantes idas e vindas, até que parou defronte a um casal. Agarra a moça, puxando-a para o corredor.
A luz acende ( era comum) e todos podem ver o rosto
da moça coberto por manchas avermelhadas.
Usava batom
pela primeira vez. O namorado não fora avisado. No escuro espalhou tudo pela
face.
=====
Alguém
interpelou o lanterninha, censurando sua atitude, afinal de contas, não éramos
todos, amantes do cinema?
___ Pois
sim, respondeu ele, eu sou o pai da garota, e só nas últimas duas semanas, é a
Sétima Arte que ela faz.
Se num curta metragem ela sai assim, imaginem domingo que vem,
quando exibiremos o filme “ E o Vento
Levou”?
Desde aquela noite o rapaz ficou conhecido como o Vampiro de Dusseldorf..
===============================================================
TRANSPORTE MARÍTIMO EM FLORIPA.
Papo de Mercado.
___ Será que
o projeto desLANCHA ou continuará emBALSAmado?
___ Muita
água ainda vai passar por baixo dessa ponte...
___ BOTE fé
gente.
___ Só não
queremos é entrar em Canoa Furada...
=======
Nenhum comentário:
Postar um comentário