LIVRARIA DO
JUCA OU JUCA DA LIVRARIA.
Primeira parte: A Livraria.
No final dos anos 30, Carlos Guedes
Ramos montou a Livraria Santa Catarina, na Rua Raulino Horn, centro da cidade.
Com oito anos de idade, em 1939, o menino
José Carlos Guedes Ramos, o Juquinha, passou a ajudar o pai, na livraria. Vinha
a pé, do bairro Magalhães.
Passou boa
parte de sua infância, em meio aos livros, tendo como companheiros de lazer,
Batman, Ferdinando, Tarzan, Super-homem, a turma do Almanaque do Tico-Tico,
Pato Donald e tantos outros.
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Na hora
da soneca, Juquinha improvisava o travesseiro, empilhando alguns volumes dos
clássicos da coleção “ Os Audazes
E, foi assim, que a Livraria Santa Catarina
tornou-se uma referência, na região.
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Tempo de
guerra na Europa. A intelectualidade local reunia-se na livraria. Antônio
Faísca era o primeiro a chegar com as últimas notícias. Ângelo Novi, Alceu
Medeiros, Zeca Freitas, Remi Firmino, Ruben Ulysséa, Manoel Américo de Barros,
Mario Mattos e outros.
Os jornais
do Rio de Janeiro, Correio da Manhã, Jornal do Brasil e Última Hora eram
disputados pela clientela.
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Lembro-me,
de uma polêmica ideológica, quando a livraria passou a receber o jornal
comunista “Classe Operária”. Erlindo Amboni fiel adepto do integralismo, protestou. Fez uma
vaquinha entre os seguidores de Plínio Salgado e, também, garantiu a assinatura
do jornal “ A Offensiva”. E, assim, na Livraria do Juca foi promulgada a democracia da informação,
entre fascistas e comunistas.
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A Livraria
do Juca muda de casa, permanecendo na mesma rua. A freguesia mudou um pouco.
Saul Baião, Aurélio Rotolo, Márcio Rodrigues, Valmir Guedes Junior, José Paulo
Arantes, Paulo Carneiro, etc.
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___ Mãe,
estou precisando de material escolar.
___ Vai na
Livraria do Juca, compra, e manda “marcar” pra mãe. E, não esqueça do caderno
“Avante”.
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As revistas
da moda tinham presença garantida, semanalmente.
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José Carlos
Guedes Ramos, o Juquinha da Livraria, transformou-se no maior livreiro desta cidade. Mesmo não
sendo uma pessoa letrada, mantinha em seu estoque, exemplares de todos os
últimos lançamentos literários.
Em suas
prateleiras você encontrava de tudo, desde Balzac a Dostoiévski. De Alexandre Dumas a Jorge
Amado.
Lado a lado,
o freguês encontrava a boneca Emília de
papo com a Chapeuzinho Vermelho.
A Livraria
foi a paixão do Juca, durante mais de 60 anos. Uma vida a serviço da educação e
da cultura.
Vocês não concordam comigo, quando digo, que o Juca da
Livraria merecia ser homenageado com nome de rua?
Segunda
parte: JUQUINHA DA LIVRARIA
Nesta segunda parte falarei do Juca, e de
histórias que os livros não contam.
Juquinha,
boêmio, elegante e versátil, socialmente. Sócios de todos os Clubes da terrinha.
Só bebia
cerveja Antártica. Por sua fidelidade,
ganhou da cervejaria, como prêmio, alguns engradados do produto.
Traje
noturno: Imaculado terno branco de linho
120.
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A “Irmandade da cuia” reunia-se na chácara dos
Borges, vizinha à mansão da família Mussi, no Mar-Grosso.
Borges era
Oficial de Justiça.
Naquele
sábado, Juquinha foi nomeado “Guardião
da Irmandade”, em ato presidido pelo Promotor Público, Dr. Cavalazzi, com a
seguinte recomendação:
___ Só terá
acesso à chácara quem tomar um gole
de cachaça pura, servida numa cuia de
coco.
Uma
exigência estatutária.
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Antes do
meio-dia, Manoel Américo de Barros, escrivão do crime e relações públicas da
Comarca, foi chamado para resolver um
impasse no portão de entrada.
___ O
cidadão recusa-se a beber a “senha,” na cuia.
___ Juca,
não poderias dispensar nosso ilustre convidado, desse ritual?
Juquinha
estava inflexível:
___ A lei é
para todos!
O médico
Paulo Carneiro tentou argumentar, afinal o visitante era o Ministro Francisco
Galotti, famoso “ Chico Tostão”.
___ Sem
batismo não se entra no céu.
E, assim,
foi feito, Gallotti e comitiva foram batizados pelo fogo sagrado da cachaça na
cuia.
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Por mais que
a noitada fosse festiva e varasse a madrugada, Juca jamais deixou de cumprir
seu compromisso: abrir a livraria às
8,00 horas em ponto.
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Para o amor
não existe idade certa. Já no outono de
suas existências o cupido os atingiu com a flexada da paixão. Juca da Livraria e Abgail Pereira ( Bega) casaram-se,
com os votos de felicidades enviados por alguns dos heróis dos quadrinhos:
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Acabaram-se
os tempos de boêmia e a turma não perdoou, dizendo:
Juquinha
trocou a Baga pela Bega.
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Anos depois,
morria o Juca da Livraria, nos braços de sua Bega.
Dona Bega, e a cunhada Zaira, nos finais de semana,
encontram-se na Pizzaria Chedão, para um papo descontraído.
Gente feliz que sabe que cumpriu sua missão nesta vida.
OS
QUADRINHOS E A POLÍTICA
___ Dizem,
que o PLUTO é o personagem preferido dos políticos brasileiros.
___ Então é
por isso que existem tantos FILHOS DA PLUTA EM BRASÍLIA...
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INVASÃO DE
DIVISAS
Este é o
moderno Porto de Imbituba
ESTA É A
PONTA DE ITAPERUBÁ
Foto de
Liliana-Londrina.
Que seria um
marco divisório entre os municípios de Laguna e Imbituba.
A praia do
lado sul, pertence a Laguna e a do norte, mais populosa, pertenceria a
Imbituba.
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Há controvérsias! Uma engronha que se arrasta há décadas.
Semana passada, prefeitos de ambos os municípios,
estiveram reunidos para tratar do velho problema.
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PRAIA DO IRÓ
A estrada do Iró é curta, estreita, sinuosa e
sem acostamento.
Resumindo:
Perigosa. Quase todo o tráfego da avenida Marronzinho desemboca ali.
A administração passada anunciou a execução
de projeto, que pretendia implodir uma
das rochas na encosta do morro.
O secretário
de Planejamento faleceu, prematuramente, e nunca mais se falou no assunto.
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SEMANA DOS MUSEUS
_No museu
Anita Garibaldi tem um quadro, pintura a óleo, do nosso conterrâneo e
ex-governador Colombo Machado Salles.
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Doutor
Colombo, quando vinha a Laguna gostava de passear pelas ruas de sua cidade,
colhendo lembranças.
Contam, que
certa ocasião, ele foi ao museu. Diante do quadro
com o seu retrato, perguntou a mocinha que o ciceroneava:
___ Quem é
este cidadão?
___
Lagunense que foi governador do estado. Parece que já morreu...
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Doutor
Colombo deve ter saído do prédio, fazendo figa, pois continua vivo e saudável.
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