O PARAISO ...
... E O
PECADO
Lama, esgoto
e um remédio paliativo. Já vimos este filme.
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Na arca de
Noé foi uma pomba branca, que saiu em busca de terra firme. Retornou com o ramo
verde, da Esperança.
Na foto, vemos uma garça branca, talvez um
sinal, de que não devemos deixar nossas esperanças enterradas na lama.
“ O ouro
afunda no mar, madeira fica por cima/
Ostra nasce no lodo/ gerando pérola fina”.
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No final da
década de 80 quase 50% das docas estava coberta pelo lodo. Lanchas e canoas já
ficavam ancoradas no cais, do lado de fora.
Até, que o
prefeito Nelson Abraham Netto, no início de 90, conseguiu uma draga e resolveu
o problema.
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Na primeira
quinzena de agosto o mar não estava prá peixe. Lestada de arrancar toco.
Netuno, de porre, mal-humorado, provocou uma ressaca homérica. Barcos sumiram em alto mar e, aqui, na
terrinha, a balsa, depois de atropelar o próprio rebocador, afundando-o, acabou
encalhando num banco de areia.
Teria havido
“barbeiragem”?
__ Se
continuar assim vai ter que ser “emBALSAmada”...
Nas praias o mar recuou, mas as ondas
subiram. Nas lagoas a maré baixou. Fora de Brasília nunca se viu tanta lama.
O fenômeno
serviu para mostrar o grau de assoreamento de nosso sistema lagunar.
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ELE VOLTOU, E AGORA PARA FICAR.
Cognominado Santo Antônio Pequeninho,
atualmente, a imagem barroca mais
valiosa da Matriz de Santo Antônio dos Anjos, totalmente restaurada
deverá ficar em local seguro.
Seus dias de
peregrinação pelas capelas acabaram.
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A obra de
restauração ficou a cargo de João Rodrigues Junior. Ele mesmo, o tenor, artista
plástico, escultor e restaurador Joãozinho que, dizem, nasceu no Beco da Lua,
num cantinho do céu.
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Naqueles
dias Nivaldo Mattos ( in memorian) comandava o Departamento de Turismo da
Prefeitura da Laguna. Pessoa totalmente voltada para a cultura, principalmente,
artes cênicas.
Volta e
meia, em sua teimosia cultural, ele tentava fazer Laguna reviver os velhos
tempos, quando era considerada o berço
da cultura do sul do estado.
Programou
alguns bons espetáculos para sua terra.
Nivaldo era
inteligente, culto, irreverente e imprevisível.
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Certa manhã,
Nivaldo procurou o proprietário do Restaurante “Pardhal`s,” pedindo uma
colaboração, almoço para umas dez pessoas. Dançarinos de balé, que estavam em nossa cidade, apresentando um único
espetáculo.
Ricardo Amboni, o dono, disposto a dar
sua parcela de contribuição à arte,
pensou um pouco, e concordou.
Afinal de contas, essa gente do balé é toda fininha, cintura de boneca Barbie,
pessoal elegante, vivendo eterna luta contra o peso. Segurando uma barra em
puxados exercícios para manter a silhueta.
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No pensamento
do Ricardo Pardal, aquelas criaturinhas esvoaçantes, tipo Fada Sininho não eram
de comer muito. Talvez fossem, até, vegetarianas.
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Chegou o
grande dia. Aline, a esposa, pessoalmente,
preparou uma salada bem ecológica, verduras e hortaliças purinhas, sem
agrotóxicos.
Tudo a
espera das esguias criaturas.
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Meio dia, no
relógio da Matriz. O pano subiu, e eles entraram em cena.
Ricardo
pensou tratar-se de um outro grupo. Eles pareciam jogadores de futebol
americano. Físicos de gladiadores romanos.
Do meio deles surge a figura de Nivaldo.
__ Este é o
grupo de que te falei, pessoal de vanguarda, adeptos da dança cósmica, força
aliada à graça dos movimentos clássicos.
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Ricardo não
tirava os olhos das caixas torácicas, e do abdômen daquelas criaturas. Só
homens.
Naquele dia
os artistas comeram, e o Ricardo dançou...
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Enquanto os
garçons rodopiavam ao redor das mesas no ritmo daqueles vorazes apetites, as
cozinheiras botavam fogo nas canelas para
refazer o estoque de comidas.
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Uma das
peças clássicas do balé chama-se Lago
dos Cisnes.
Naquele dia eles
pregaram outra peça e o Pardal pagou o pato.
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O BAURU
Qual teria
sido a principal batalha naval travada em solo lagunense?
___ A da
frota imperial contra as forças garibaldinas que manchou de sangue o canal da
barra?
__ Não.
Elegemos a façanha do “BAURU” como protagonista da principal façanha bélica da
Laguna.
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Foi lá pelos
anos 60 que o contratorpedeiro Bauru entrou pela barra da Laguna. Viagem
de instrução para alunos do Colégio Militar e de Escolas Aprendizes
Marinheiros.
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A população
feminina ao saber da presença deles a bordo ficou ouriçada. A farda exercia um
certo fascínio sobre as mulheres, mexendo com a cabeça de coroas e
adolescentes.
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Os jovens
marujos, fazendo jus ao nome do barco desembarcaram com apetite de fazer inveja
a um garanhão premiado.
Durante vários dias a marujada,
literalmente, deitou e rolou. Ocupou todas as posições, ora protegendo as
costas, ora manejando o ferro de proa.
Parecia que
toda garota da cidade fisgara o seu marinheiro.
A entrada no
cinema parecia um desfile militar. Até alguns “canhões”, há muito na reserva,
tiveram a oportunidade de “entrar em combate”.
O lema da turma era mesmo “ faça amor,
não faça a guerra”.
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Após vários
dias de manobras, finalmente chegara a hora da partida.
No caís,
lenços agitados, olhos lacrimejando.
___ Soltem
as amarras. O Bauru se faz ao largo.
___ Ouve-se
um apito. Içam-se as bandeiras.
___ Que
bandeiras estranhas...
Não eram
bandeiras, eram calcinhas. Calcinhas de vários formatos, cores e tamanhos.
O pessoal fizera amor, a todo vapor.
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Na
despedida, a marujada fizera questão de mostrar os troféus conquistados naquela
inesquecível batalha naval, digo, sexual.
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O Bauru
retornou a Laguna em outra oportunidade, mas aí, foi tratado como um barco
comum. Havia perdido o charme.
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